sábado, 14 de março de 2009

Marés Negras

Todos vocês já devem ter ouvido falar das marés negras e dos seus efeitos catastróficos nos ecossistemas quer marinhos quer terrestres. As marés negras, ou derrames de petróleo, definem-se por uma enorme mancha de crude que cobre determinada área aquática. O primeiro grande derrame foi em 1967 perto da Cornualha originado pelo naufrágio do petroleiro Torrey Canyon que perdeu 60 mil toneladas de crude que se espalharam ao longo de cem milhas. Desde então vários ocorreram afectando drasticamente a vida selvagem. Uma notícia actual recente relata um derrame ao largo da costa australiana em Queensland que retrata bem o problema: "Na quarta-feira, o cargueiro de 185 metros de comprimento que se encontrava ao largo da capital do estado de Queensland, Brisbane, foi apanhado no meio do ciclone tropical Hamish e deixou cair ao mar 31 contentores com um total de 620 toneladas de nitrato de amónio que transportava no seu convés. Um dos contentores causou um rombo no casco do navio, responsável por uma maré negra que tingiu de negro 60 quilómetros de costa. Os contentores ainda não foram detectados. Ontem, centenas de pessoas estavam envolvidas nas operações de limpeza das ilhas de Moreton – santuário marinho que alberga várias espécies de aves, tartarugas, golfinhos e pelicanos - e de Bribie, bem como da linha costeira conhecida por Sunshine Coast, no estado de Queensland."

Como se vê as causas são sobretudo naufrágios de petroleiros e acidentes em navios devido a factores naturais tal como uma tempestade ou à falta de fiabilidade da construcção. Também podem no entanto apontar para lavagens de tanques ou descargas por refinarias e outras indústrias. As consequências vão desde a poluição e contaminação das águas e do solo até aos impactos na biodiversidade. Ainda no mar, o crude espalha-se por certa área e alguns dias depois, começa a baixar até ao fundo do mar. Isto faz com que muitos animais como peixes fiquem presos e que as algas e o plâncton deixem de realizar a fotossíntese. Outro grave problema é a frequente morte de muitas aves marinhas que cobertas com petróleo não conseguem escapar ou por não serem capazes de voar com as asas coladas ou por estarem realmente presas. Podem ocorrer também outras consequências derivadas destes acidentes como é este caso em que os contentores de nitrato de amónio provocarão uma explosão tal no número de algas que asfixiarão todas as outras espécies. A velocidade da propagação do crude depende do tipo do óleo, do estado do mar, das condições climáticas e da temperatura. Formas de combater estes verdadeiros atentados à Natureza passam sobretudo pela prevenção alertando as indústrias ligadas ao sector, legislando a favor de medidas de segurança nos navios e preparando brigadas para a limpeza rápida do mar aquando de um derrame. Não existem soluções imediatas para a limpeza das águas. Outrora utilizava-se sprays com dispersantes mas que se provou virem a ser mais tóxicos que o petróleo e destruidores das culturas das bactérias especializadas na sua degradação. Assim preferiu-se deixar as bactérias realizar o seu trabalho, remover fisicamente o petróleo ou esperar que (visto que os elementos do petróleo são muito voláteis) desapareça. Deve-se ainda resgatar as aves marinhas e proceder à sua descontaminação.